Glub, Glub, Glub!

Choveu a cântaros. Ininterruptamente nas últimas 72 horas.
Estamos cercados de água por todas as partes (nos dois sentidos).

A previsão do tempo estava mais que certa: vento forte, raios e trovões.

A corrente elétrica oscilava a todo momento, até quando finalmente "mórreu" por longas três horas na terça-feira. O repórter do telejornal regional disse: "a Sicília de joelhos por causa do mal tempo". Tudo verdade.

Uma parte da minha sala de estar alagou (atrás de um dos sofás) porque descobrimos um problema de infiltração na janela (e a chuva não nos ajudou -- batia sempre na janela e entrava pelas fissuras que encontrava entre o alimínio e o mármore). Vou te falar... Torcer panos a cada 10 minutos no balde foi de encher mesmo os pacovás. E eu nem vou falar da umidade do ar, do frio, do pavimento grudento porque senão me dá até raiva -- justo eu, que adoro frio...

Pra completar o primeiro dia, meu marido foi chamado pelo supervisor às nove da noite de terça (13/12) pra inspecionar os estragos causados pela chuva aqui na província. Quase um metro de água do lado de fora da porta da Jeep, mas eles seguiram firme e forte na missão. Chegou por volta das duas da manhã, cansado e com fome. Uma espaguetada ao alho, óleo e peperoncino foi mais que suficiente. Antes de dormirmos, ele me contou que tiveram que sinalizar e fechar muitas estradas, que viu muita água e muitos carros abandonados pelas ruas, sendo que alguns foram carregados pela enchente; viu a natureza destruída, alguns postes e muros caídos e árvores enormes que foram arrancadas pela fúria do vento.

Não pensem que ele foi dispensado na parte da manhã de quarta porque virou a noite trabalhando debaixo de chuva, viu... Esse luxo somente os brasileiros é quem têm!


TILT! Entrou água, assopra aê!
Não preciso dizer que o mal tempo levou embora a conexão ADSL, né?

Estou usando conexão salva-vidas do meu cunhado, porque o nosso modem 56 kbps também queimou.

Já telefonei comunicando a ausência da linha e me disseram pra esperar 48 horas que um técnico entará em contato pra resolver o problema e blá-blá-blá...

Humpf. Conheço essa história de cor e salteado.


Telecom Poltergeist
Meu telefone está com um encosto!
Recebe chamadas telefônicas onde o telefone não toca -- aparece no visor "Você tem X chamadas não atendidas" ou "Chamada externa do número XXX. Atender?".

Bizarro, não é? A cada meia hora, três novos foras... Atendo pensando que falarei com alguém do outro lado, mas na verdade não é bem assim: apenas ouço a conversa dos outros dois.

A Itália é um país onde a "lei da privacy" é citada a todo momento e pode dar encrenca violá-la, porém eu fico imaginando em qual telhado ela subiu quando acontecem coisas assim.

Uma reflexão séria: alguns assuntos devem ser falados pessoalmente, jamais pelo telefone.


Esse tempo já está qualquer coisa... Os cogumelos psicodélicos começam a aparecer por aí.


Por causa das fortes chuvas, aqui no andar onde moramos a água tem saído pela torneira como um fio e dura exatos trinta segundos.

Cozinhar e lavar louças tem sido um verdadeiro problema. Sem contar que as necessidades fisiológicas resumiram-se em apenas uma: xixi no copo descartável. Hehehe, brincadeira!


Jingle Bells
Estou queimando as pestanas (para não dizer os neurônios) de como resolver o problema do almoço do dia 26/12 (Santo Stefano) que acontecerá aqui em casa.

Tenho que contentar:

1. K. que não come ricota, presunto e derivados, carne -- a pouca que come tem que ser a que vende o sr. Carpinteri no seu açougue


2. F., que não come ricota e nem leite, mas adora queijos e creme de leite


3. E., que não come peixe e nem queijo


4. F., filha de E., que não come laticínios em geral


5. Minha sogra, que tem problema de estômago+vesícula+fígado...


6. A sobrinha D., que imita sua mãe K., porém carne não come e nem outras coisas diferentes de pasta con la salsa ao quadrado (macarrão com molho de tomates)...

Seremos em dezesseis pessoas (oficialmente) e duas ainda devem confirmar a presença.

Meu marido e eu comemos de tudo um pouco (no meu caso excluo os scargots e a carne de cavalo/burro/carneiro).

Inovação é ítem excluso porque não gosto de gente que faz cara de nojo quando tem algo diferente na mesa. Aliás, sou eu quem não tenho estômago para esse tipo de gente.

Hummm... Espera, espera... Parem tudo!
Tive uma excelente idéia: que tal cada um na sua casa?


E com isso, encerro o boletim de notícias da terra do sol DA CHUVA.

E lembrem-se: usem filtro solar!

Vagem

A vagem (Phaseolus vulgaris L.) ou "feijãozinho" -- fagiolino em italiano -- nada mais é do que a vagem do feijoeiro. É uma leguminosa da família Fabaceae plantada há mais de sete mil anos e que pode ser encontrada nas mesas durante todo o ano.

É uma boa fonte de vitaminas A, B1, B2 e C. Rica em fósforo e potássio, é também uma excelente controladora de acidose e indigestão. Apresenta baixo valor calórico, contém sais minerais como cálcio e ferro. Age ainda sobre a glicemia, combatendo o diabetes. Outra qualidade da vagem é agir como estimulante das funções intestinais porque apresenta em sua constituição um pouco de celulose.

Quando é de boa qualidade, sua cor é brilhante; é tenra e quebradiça.
Vagens frescas cedem à pressão da unha e não são moles e nem escuras nas extremidades. Quando conservadas em geladeira podem permanecer em boas condições por uma semana. Uma vez escolhidas, as vagens devem ser lavadas e, em seguida, com o auxílio de uma faca, remove-se o fio ao longo dos dois lados desta maneira: fazendo um corte em cada extremidade e puxando o fio num só movimento.

A vagem é normalmente consumida cozida, mas as vagens mais novas são deliciosas cruas, cortadas fininhas e servidas em forma de saladas. A vagem crua possui mais nutrientes do que a cozida pois cerca de um terço das vitaminas se perde durante o cozimento. Falando em cozimento, é bom lembrar que deve-se colocar água o suficiente para cobrir o fundo da panela, porque a vagem é um vegetal que libera muita água enquanto cozinha.

Salada de Vagem com Parmesão
Porções: 4

Ingredientes
- 450 g de vagens lavadas e cortadas
- 50 g de cebola cortada bem fino
- 4 colheres (sopa) de azeite de oliva extravirgem
- 5 colheres (sopa) de vinagre de maçã
- sal a gosto
- ½ colher (café) de páprica
- uma pitada de gengibre em pó
- 100 g de queijo parmesão em lascas

Preparo
Cozinhe as vagens no vapor ou microondas até que fiquem tenras, mas que não desmancham (al dente).
Deixe-as esfriar ligeiramente e depois adicione a cebola, o alho, o vinagre, o sal, a páprica, o gengibre e por fim o parmesão, misturando bem. Espere esfriar completamente e sirva.

A receita acima contém (por porção): 12 g de carboidratos (dos quais utilizáveis apenas 8 g), 4 g de fibras e 9 g de proteínas.

É ou não uma boa pedida?

Leituras gastronômicas #10

Eu só quero chocolate
por Alexandra Leite

No filme Chocolat, dirigido pela sueca Lasse Hallström, a personagem Vianne, interpretada pela francesa Juliette Binoche, chega acompanhada de sua filha a um povoado da França para abrir uma pequena loja de chocolates. Em pouco tempo, ela começa a encantar e aterrorizar as pessoas, que crêem que o enorme prazer de consumir os doces só pode ser fruto do diabo. Nenhum dos habitantes consegue permanecer impassível frente a uma trufa ou uma xícara de chocolate quente servidas por Vianne.

Alimento sedutor, não poderia haver melhor nome para o livro da escritora norte-americana Patricia Lousada do que "A Tentação do Chocolate". Ricamente ilustrado, traz mais de 100 receitas, lista de utensílios básicos e técnicas passo-a-passo dos mais complicados pratos. É uma obra completa para esclarecer dúvidas, ajudar no preparo de um bolo de aniversário e até mesmo para ser deixado na mesa de centro da sala, enchendo os olhos gulosos dos visitantes.

No livro, Patricia satisfaz e seduz a todos, chocólatras ou não. Seu mérito não está apenas na edição bem-cuidada ou nas receitas de todas as partes do mundo, mas no jeito didático de explicar as mais complicadas tortas e em sua compreensão de que o chocolate é mesmo uma substância difícil de ser dominada.

Para os leigos, ela conta sua história e explica os diferentes tipos, usos e dicas de sucesso. Através do livro descobre-se que, mesmo adorado, o gosto pelo chocolate nem sempre foi unânime. Fruto do cacaueiro (Theobroma cacao), o alimento foi descoberto pelos espanhóis no século XVI, quando já era velho conhecido dos maias e astecas. A própria palavra deriva do asteca xocolatl, que significava "água amarga", que era como estes povos costumavam bebê-lo: frio, amargo e com pimentas chili.

Este amargor foi a razão para o chocolate não ser aceito prontamente na Europa. Mais tarde, quando alguém teve a idéia de misturar açúcar e até mesmo algumas especiarias ao cacau, o alimento virou mania entre os nobres. Patricia afirma que a bebida só se transformou nos tabletes sólidos que consumimos hoje após os experimentos de Conrad J. Van Houten, que inventou uma prensa para extrair a manteiga de cacau, sua porção gordurosa. Daí resultou um bolo seco que podia ser moído num pó bem semelhante ao que conhecemos.

Hoje em dia, milhões de toneladas de chocolate são consumidos anualmente. E, cada vez mais, tem-se saudades dos tempos dos nobres, época em que ignoravam a existência de tantas calorias no poderoso alimento. Nos tempos atuais, marcados por dietas de emagrecimento, o consumo de chocolate é acompanhado de muita histeria. Afinal, como fazer para queimar toda aquela gordura? Outro ponto polêmico seria a presença do lipídio anandamina com seu poder viciante, uma verdadeira "marijuana" disfarçada. Mas, o melhor é não resistir e entregar-se aos encantos da fruta do cacaueiro. Esqueça o regime e sinta-se livre para comer chocolate sem nenhuma culpa. Ou quase nenhuma.

Couve-flor

A couve-flor é uma hortaliça do tipo inflorescência (conjunto de flores) que pertence à espécie Brassica oleracea (a mesma das couves), assim como o repolho, o brócolis, etc. Pertencente ao grupo Botrytis e originária da Ásia Menor, foi levada para a Europa no começo do século XVI.

Possui quantidade apreciável de sais minerais importantes que atuam na formação dos ossos, dentes e sangue e, entre eles, estão o cálcio, fósforo e o ferro. Além disso, apresenta vitaminas do complexo B (B2 e B5) que tem por funções evitar problemas de pele, do aparelho digestivo, são essenciais ao crescimento e evitam a queda dos cabelos. Por ser um alimento protetor muito rico em vitamina A, a couve-flor é recomendada nos casos de desnutrição, debilidade geral e convalescença. Suas folhas verdes são muito eficazes no combate às anemias. É um vegetal de fácil digestão e neutralizante da acidez estomacal. É também indicada também contra a prisão de ventre.

Creme de Couve-Flor com Bacon Crocante
Porções: 4

Ingredientes
- 1 couve-flor média
- 2 cebolinhas (Allium ascalonicum)
- bacon em fatias finas
- 1 dente de alho
- 1 litro de caldo de legumes
- 1 colher (sopa) de manteiga sem sal

Preparo
Lave a couve-flor depois de ter retirado a parte central e separado os buquês.
Numa frigideira, refogue a cebolinha com a manteiga e adicione os buquês de couve-flor e o alho descascado.
Tempere com sal e cubra com o caldo de legumes, deixando cozinhar por cerca de 30 minutos. Depois disso, reduza os pedaços da sopa a creme com o auxílio de um mixer ou do liqüidificador.
Numa assadeira pequena, coloque uma folha de carta de forno (espécie de papel vegetal) e acomode as fatias de bacon, levando ao forno (170° C) até que fiquem douradas. Deixe-as esfriar e depois esfarele com as mãos.
Sirva o creme de couve-flor quente salpicado com bacon crocante.

Obs.: o uso da cebolinha deixa o sabor mais delicado.

Para quem não sabe, cem gramas (100 g) de couve-flor contém apenas 33 calorias.

Na hora da compra, uma couve-flor de boa qualidade deve ter folhas externas em bom estado, talos firmes e brilhantes, ser uniforme e sem intervalos. Na geladeira conserva-se de 7 a 10 dias.

Beleza põe mesa #1

Digital Plates Set, da French Bull

Palavras que alimentam a mente

Penso que quanto mais simples a comida, melhor;
quanto mais crua, melhor;
quanto menos mistura, melhor.

Helen Nearing